Com uma pesquisa de fôlego coordenada pelo historiador
Victor
Augustus Graciotto Silva baseado em
entrevistas com 61 benzedeiras, o livro retrata os seus ritos e suas histórias. O
lançamento acontece no próximo dia 28, na Aldeia do Beto.
“A benzedeira olha para a
criança: é mau olhado! Um ramo de arruda, palavras cantadas, reza feita. Acaba
o choro, a mãe vai embora com a criança dormindo nos braços. E a cura
ocorre”. Durante muito tempo a saúde das
pessoas era deixada nas mãos das benzedeiras. E ainda hoje, muitas pessoas buscam
este tipo de atendimento. No livro
“Benzedeiras” que será lançado na próxima sexta feira, dia 28, escrito pelo
historiador Victor Augustus Graciotto Silva, estas mulheres que benzem são
apresentadas através de fotografias e de textos baseados em pesquisa iniciada
em 2009.
O autor coordenou em 2009 uma
pesquisa de identificação e registro das benzedeiras como bem cultural
imaterial de Curitiba. O resultado foi um
mapeamento por regional da cidade, num total de 61 benzedeiras tradicionais, ou seja, que eram
reconhecidas pela comunidade como benzedeiras e que não cobravam pelo
benzimento (grande parte aceitava “agrados”, seja em dinheiro, seja em produtos
alimentícios.)
A equipe de pesquisadores lidou
no início da pesquisa de campo com a questão do anonimato. “As benzedeiras não queriam que seus dados,
como nome completo, endereço e principalmente, telefone, fossem divulgados. E
isso foi respeitado. Após acompanhar um pouco suas rotinas, ficou bem claro a
principal causa, o grande movimento de pessoas que as procuram. Caso tivéssemos
um catálogo das benzedeiras em atividades, uma lista telefônica, estaríamos
causando enorme transtorno a elas.”
E há ainda outro aspecto,
explica o autor: “A busca faz parte do
benzimento. Ir atrás, perguntar, andar, perguntar novamente, até achá-las é o
primeiro passo a ser dado. Adequar-se às regras e a rotina da benzedeira também
tem seu sentido. Rico ou pobre, conhecido ou não, todos aguardam sua vez,
esperando na varanda, no quintal, no corredor ou na porta da cozinha. Não tem
hora marcada. E talvez ela não atenda naquele dia, ou naquele horário, pois as
benzedeiras também tem seus afazeres, seus compromissos e, acreditem, elas
também ficam doentes. Ser benzedeira não faz dela uma pessoa santificada, na
verdade ela é um instrumento de algo maior, uma escolha feita diante de um
karma ou de mérito. Ao procurá-la, a pessoa se sujeita à rotina e à regra dela.
A quebra do orgulho próprio, o exercício da humildade e da caridade conferem um
sentido profundo para a eficácia do benzimento.” Estas e outras curiosidades são
registradas neste livro que conta uma história fascinante e inédita da cidade
de Curitiba.
A publicação é feita pela Máquina
de Escrever, editora e gestora cultural, com incentivo da Lei Municipal de
Cultura e do Hotel Deville, com o apoio da Padaria América , Empadas Brasil
e Allegro Gelateria. O livro estará em todas as livrarias de
Curitiba e pode ser adquirido pelo site www.maquinadeescrever.net.br
ou entrando em contato diretamente via
email: contato@maquinadeescrever.net.br
“Quando perguntávamos às benzedeiras o que elas
benziam, as respostas iam desde vermes, lombriga, “bichas”, “quebrante”, “mau
olhado”, “susto”, dor de dente, tosse comprida, erisipela, mordida de cobra,
até “abrir caminho”, “arrumar serviço”, “problemas de família”, “pessoa com
atrapalho que não consegue emprego”, até termos poucos conhecidos por mim, como
“vento virado”, “peito aberto”, “mal de míngua” ou “doença de macaco” ou “mal
de simioto”, “cobreiro”, “fogo selvagem”, “ar”, “rasgadura” ou “carne rasgada”,
“osso quebrado”, “nervo torcido”, “espinhela caída”, “pé desmentido”, “rendidura”. Alguns males requeriam o uso de
utensílios específicos. Para dor de cabeça, uma garrafa com água e pano branco.
Para “rasgadura” e “nervo torcido”, costura com pedaço de pano, agulha e linha.
Para verruga, osso queimado. Alho para tirar o “ar”. Faca para cortar
“cobreiro” e “sapinho”. Outros elementos também apareceram, como ovo, mel,
carvão. Comumente temos o rosário e a água benta e, sempre, o uso de um ramo
verde. A arruda é a primeira opção apontada por todas as benzedeiras, e na
falta dessa, o alecrim. “(Victor
Augustus Graciotto Silva)
SERVIÇO
Lançamento
do livro “Benzedeiras”, de Victor Augustus Graciotto Silva
Dia
28 de junho
19
horas
Na
Aldeia do Beto, à Rua Professor Brandão, 671
Assessoria
de imprensa – Ana Carolina Caldas (41)88828580