21 de jun. de 2013

Historiador lança livro sobre as Benzedeiras em Curitiba.




Com uma pesquisa de fôlego coordenada pelo historiador Victor Augustus Graciotto Silva baseado em entrevistas com 61 benzedeiras, o livro  retrata os seus ritos e suas histórias. O lançamento acontece no próximo dia 28, na Aldeia do Beto.


“A benzedeira olha para a criança: é mau olhado! Um ramo de arruda, palavras cantadas, reza feita. Acaba o choro, a mãe vai embora com a criança dormindo nos braços. E a cura ocorre”.  Durante muito tempo a saúde das pessoas era deixada nas mãos das benzedeiras. E ainda hoje, muitas pessoas buscam este tipo de atendimento. No livro “Benzedeiras” que será lançado na próxima sexta feira, dia 28, escrito pelo historiador Victor Augustus Graciotto Silva, estas mulheres que benzem   são apresentadas através de fotografias e de textos baseados em pesquisa iniciada em 2009. 

O autor coordenou em 2009 uma pesquisa de identificação e registro das benzedeiras como bem cultural imaterial de Curitiba. O resultado  foi um mapeamento por regional da cidade, num total de 61  benzedeiras tradicionais, ou seja, que eram reconhecidas pela comunidade como benzedeiras e que não cobravam pelo benzimento (grande parte aceitava “agrados”, seja em dinheiro, seja em produtos alimentícios.) 

A equipe de pesquisadores lidou no início da pesquisa de campo com a questão do anonimato. “As benzedeiras não queriam que seus dados, como nome completo, endereço e principalmente, telefone, fossem divulgados. E isso foi respeitado. Após acompanhar um pouco suas rotinas, ficou bem claro a principal causa, o grande movimento de pessoas que as procuram. Caso tivéssemos um catálogo das benzedeiras em atividades, uma lista telefônica, estaríamos causando enorme transtorno a elas.” 

E há ainda outro aspecto, explica o autor: “A busca faz parte do benzimento. Ir atrás, perguntar, andar, perguntar novamente, até achá-las é o primeiro passo a ser dado. Adequar-se às regras e a rotina da benzedeira também tem seu sentido. Rico ou pobre, conhecido ou não, todos aguardam sua vez, esperando na varanda, no quintal, no corredor ou na porta da cozinha. Não tem hora marcada. E talvez ela não atenda naquele dia, ou naquele horário, pois as benzedeiras também tem seus afazeres, seus compromissos e, acreditem, elas também ficam doentes. Ser benzedeira não faz dela uma pessoa santificada, na verdade ela é um instrumento de algo maior, uma escolha feita diante de um karma ou de mérito. Ao procurá-la, a pessoa se sujeita à rotina e à regra dela. A quebra do orgulho próprio, o exercício da humildade e da caridade conferem um sentido profundo para a eficácia do benzimento.”  Estas e outras curiosidades são registradas neste livro que conta uma história fascinante e inédita da cidade de Curitiba. 


A publicação é feita pela Máquina de Escrever, editora e gestora cultural, com incentivo da Lei Municipal de Cultura e do Hotel Deville, com o apoio da Padaria América , Empadas Brasil e  Allegro Gelateria.   O livro estará em todas as livrarias de Curitiba e pode ser adquirido pelo site www.maquinadeescrever.net.br ou entrando  em contato diretamente via email: contato@maquinadeescrever.net.br



“Quando perguntávamos às benzedeiras o que elas benziam, as respostas iam desde vermes, lombriga, “bichas”, “quebrante”, “mau olhado”, “susto”, dor de dente, tosse comprida, erisipela, mordida de cobra, até “abrir caminho”, “arrumar serviço”, “problemas de família”, “pessoa com atrapalho que não consegue emprego”, até termos poucos conhecidos por mim, como “vento virado”, “peito aberto”, “mal de míngua” ou “doença de macaco” ou “mal de simioto”, “cobreiro”, “fogo selvagem”, “ar”, “rasgadura” ou “carne rasgada”, “osso quebrado”, “nervo torcido”, “espinhela caída”, “pé desmentido”, “rendidura”. Alguns males requeriam o uso de utensílios específicos. Para dor de cabeça, uma garrafa com água e pano branco. Para “rasgadura” e “nervo torcido”, costura com pedaço de pano, agulha e linha. Para verruga, osso queimado. Alho para tirar o “ar”. Faca para cortar “cobreiro” e “sapinho”. Outros elementos também apareceram, como ovo, mel, carvão. Comumente temos o rosário e a água benta e, sempre, o uso de um ramo verde. A arruda é a primeira opção apontada por todas as benzedeiras, e na falta dessa, o alecrim. “(Victor Augustus Graciotto Silva)



SERVIÇO

Lançamento do livro “Benzedeiras”, de Victor Augustus Graciotto Silva
Dia 28 de junho
19 horas
Na Aldeia do Beto, à Rua Professor Brandão, 671

Assessoria de imprensa – Ana Carolina Caldas (41)88828580

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