10 de mai. de 2009

AUGUSTO BOAL e o teatro nosso de todo dia


O Teatro faz parte de mim...Foi essa sensação que tive na única e grande chance de ter visto Augusto Boal. A sensação do teatro como parte do indivíduo e do coletivo... Que o teatro é parte da gente, do dia, do cotidiano, é democrático e portanto, revolucionário. Foi no Fórum Social Mundial de 2001, em Porto Alegre, que eu o assisti durante a oficina do Teatro do Oprimido para os campesinos do Movimento Sem Terra (MST). O objetivo central do Teatro do Oprimido é tornar o expectador em ator, fazendo-o através das técnicas teatrais perceber formas de libertação tanto individuais como coletivas. Assistir aquela aula foi uma das lições mais bonitas que já vivenciei. Augusto Boal, no palco, contava histórias e provocava a platéia – diga-se de passagem, platéia esta entranhada na opressão social – a pensar em temas simples e cotidianos. Talvez, eu pensei naquele dia, um cotidiano não pensado por aqueles que lá estavam, pois a sua ordem: estar sempre alerta e vigente no que está lá fora, na luta pela terra.... Lembro-me que eu fui com a expectativa que o teatrólogo fosse debater, questionar e encenar algo a respeito, por exemplo, sobre a omissão do poder público quanto a reforma agrária. Mas não foi isso o que aconteceu. Ele propôs cenas de amor, amizade, relacionamentos conflituosos, família.... Os militantes do MST que se encorajaram a subir no palco, deixaram de lado os chavões da "linguagem de luta" e foram se apresentando, quase como se deixassem um pouco a bandeira de lado e olhassem para dentro – inclusive para entender a bandeira depois carregada, em fila....












E assim foi e continuará sendo um dos grandes feitos de Augusto Boal: o Teatro do Oprimido. O Teatro que nada mais é do que a descoberta do teatro que existe em cada um de nós. A idéia central é que o espectador ensaie a sua própria revolução sem delegar papéis aos personagens, desta forma conscientizando-se da sua autonomia diante dos fatos cotidianos, indo em direção a sua real liberdade de ação. Pelo Centro do Teatro do Oprimido, no Rio de Janeito, matriz de muitos outros pelo Brasil inteiro, você pode saber mais sobre os projetos criados e desenvolvidos por Boal, como por exemplo, o Teatro do Oprimido nas prisões. Dá uma olhada ali do lado na Seção Pavê.









Viva o Teatro que existe dentro de você! Viva!
Foto: Sebastião Salgado

Um comentário:

Rogério Tomaz Jr. disse...

belo relato, carol! o vi pela primeira vez também num FSM, o de 2002, em plena atividade na área de circulação da PUC-RS com a turma a todo vapor... grande figura, grande ser humano, grande artista, grande educador... fará muita falta, mas a contribuição que nos deixou é enorme e alivia a tristeza...
abreijo!