Eu sou professora, filha de outra professora e irmã de outra professora. Antes de ser jornalista, muito antes, aos 15 anos decidi que queria estar perto das crianças. Sempre achei que este universo nos ensinava a olhar a vida com mais sinceridade e principalmente trazia de novo a leveza que a gente vai perdendo com a “adultice”. Pronto, dos 15 aos 20 dei aulas para crianças de 4 e 5 anos e estes pequenos foram meus grandes professores. Além de me fazerem rir e absorver seus olhares curiosos e encantados com cada minuto da vida, eles me ensinaram o tempo de se aprender, eles me deram de presente seus insights ao lerem uma nova palavra e fazerem suas descobertas. Depois, dei aula para crianças maiores e logo que me formei, fui ensinar as meninas que assim como eu queriam ser professoras. Eu levei a minha experiência que tive com os pequenos mestres e delas eu aprendi a respeitar as diferenças e mesmo com a autoridade de professora, a me abrir para as suas experiências que muitas vezes diziam muito mais que os livros. Ao fazer mestrado, ganhei a possibilidade de subir mais um degrau e fui dar aulas em cursos de Pedagogia, na Universidade. Ao me deparar com a grande responsabilidade que me aguardava, os alunos universitários que já sabem o que querem da vida foram professores de humildade, professores da solidariedade e me ensinaram que um mestre antes de tudo é um grande amigo. Fiz amigos entre os alunos por que sabia que a vida já neste patamar não é tão leve como a dos pequenos e também há pouco espaço para as dúvidas como das meninas do magistério. Porém, o cansaço do dia a dia e os desânimos eram o conteúdo que eu tinha para ser transmutado. Não do alto da minha experiência, dos meus títulos e estudos, mas do que eu trazia como pessoa, que pudesse dizer a eles: vai valer a pena! Acreditem. Quantas vezes eu parei as aulas para que pudéssemos contar uns aos outros nossos dilemas e também as superações. Grandes aulas que demos entre nós!
A vida nos traz surpresas e um pouco depois, voltei a ser aluna. Resolvi fazer jornalismo, pois afinal por dez anos me dividi entre o magistério e a comunicação que entrou meio sem querer na vida. Eu, sentada nos bancos de uma universidade olhando os professores com um mesmo velho novo olhar. Ao meu lado, os colegas que não tinham feito esta minha longa caminhada, foram meu professores. Com esta experiência aprendi a humildade de começar de novo, de compreender que sempre é hora de aprender e que aquele amigo de pouca idade logo ao lado pode lhe trazer os maiores ensinamentos que nem um livro lhe daria.
No final das contas, os professores são os outros. A toda hora a gente se depara com uma pessoa ou situação que nos ensina. No ano que passou tive a grata experiência de criar um novo trabalho em comunicação e tive dois grandes professores que me ensinaram seja pelas dificuldades, seja pelos avanços, que quando se tem um objetivo um recuo pode ser o degrau que falta para um grande êxito. Situação esta que me presenteou com laços de amizade importantissimos e inesperados. Àqueles que não me quiseram bem, estes foram os professores que me apontaram o que era preciso ser fortalecido dentro de mim. Com o meu melhor amigo, nestes dez anos de convivência, tenho aprendido a ser amiga. Ele é o meu grande professor que me ensina o valor de escutar e o valor da sinceridade. Neste ano também aprendi com meus pais, mais uma vez, já que eles são os melhores professores da minha vida. Aprendi os observando tão felizes aproveitando a vida, que amor é conseqüência, que amor não tem nada a ver com conto de fadas e tem a ver com a vida batalhada de mãos dadas e que amor é depois de tudo, de tudo mesmo, olhar para a vida com este olhar que eu tenho visto neles: o mesmo dos pequenos que um dia eu ensinei. O olhar encantado e curioso pela vida.
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